Com a
celebração da festa de Cristo Rei, concluímos o Ano Litúrgico. Quando olhamos
para a história percebemos que nossa vida situa-se dentro e um tempo
cronológico, mas mais ainda dentro de um tempo da graça divina (tempo kairológico).
Olhando para o centro de nossa fé, o Mistério Pascal de Jesus Cristo, nele encontramos
o sentido ou, se preferirmos, os fundamentos que proporcionam uma atmosfera e
uma realidade de santificação de nosso tempo, saboreando a ação em favor de
toda a Igreja: Corpo
Místico de Cristo, Povo de Deus, Templo do Espírito Santo e Sacramento
Universal de Salvação (cf. eclesiologia do Vaticano II). A celebração do
Mistério Pascal é a base para entendermos a santificação do Tempo. A ação divina
perpassa a realidade humana e derrama sobre ela os seus dons, os seus frutos, o
que ela essencialmente é: Comunhão. Temos a possibilidade de experimentar
novamente a Aliança, agora Nova e Eterna. Somos resgatados e inseridos no Coração
de Jesus Cristo, naquela porta que se abre do alto da cruz pra adentrarmos ao
eterno.
Nossa
vida humana e eclesial (de Igreja, na Igreja e como Igreja) se desenvolve
dentro de um Tempo que às vezes independe da vontade humana (chuva, sol, calor,
frio, vento, dia e noite, manhã e tarde), de um Tempo no qual construímos nossa
história: gravidez, nascimento, primeiros meses de vida, os cuidados da
família, os primeiros passos, os primeiros tombos, os primeiros dentinhos, a fase
de criança, a adolescência, a juventude, a maturidade, a terceira idade, a
morte. Percorremos um ciclo existencial e vamos
deixando as marcas, escrevendo o livro de nossa vida e por fim, pela nossa
experiência com a realidade divina, acorremos ao Templo, à Igreja, à Comunidade
para celebrar estes diversos momentos. Queremos na verdade agradecer a Deus por
ter voltado o seu olhar para cada um de nós ao longo desta caminhada. Sendo
assim, como uma grande Assembléia dos Chamados, dos Escolhidos, membros da
Comunidade do Ressuscitado, adentramos numa “pedagogia de formação de cristãos”:
O Ano Litúrgico que, com seus Tempos Litúrgicos, transmite a sua extensa “carga”
de significados espirituais, pelos quais podemos perceber que nossa história é
santificada.
Dentro da
pedagogia do ano litúrgico, a riqueza do conjunto de celebrações, textos
bíblicos, sacramentos e sacramentais, a Igreja oferece-nos a possibilidade de
vivenciarmos a “Páscoa do Cristo na Páscoa da gente e a Páscoa da gente na Páscoa
de Cristo”. É importante lembrar que este mistério acontece também na ida de
pessoas, homens, mulheres, crianças como nós e que hoje a Igreja proclama como
Santos e Santas, mas não nasceram assim foram construindo sua história de
santificação pela graça divina e pela participação no projeto do Reino de Deus.
Ao fazermos a experiência dos Tempos Litúrgicos podemos recolher deles os
elementos ou, no sentido figurado, os tijolinhos que vamos colocando na estrada
de nossa vida, na busca pela santificação. É preciso entender que nesta pedagogia
cristã alimentamo-nos com os sinais sensíveis, com a teologia expressa pelo
próprio rito, pela música, pela Palavra proclamada, pela organização do próprio
espaço celebrativo, pelo Corpo e Sangue oferecidos e repartidos na Assembleia
Litúrgica.
[...] O
caminho está apontado. Distante de nós? Acredito que não. A experiência mística
é possível no cotidiano de nossa vida alimentada e fortalecida pela nossa
Páscoa Semanal (Eucaristia Dominical: mesa da Palavra e do Sacrifício). Que a pedagogia
do Ano litúrgico possa nos ajudar a fazer uma autêntica experiência do Homem de
Nazaré e do Cristo pela Igreja, com a Igreja e como Igreja. Que percorrendo
este caminho possamos ser santificados pela graça divina e nos tornarmos
testemunhas autênticas do Mistério Pascal.
Liturgia
em Mutirão II - CNBB
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